Metodologia Sanvit


Proposta de Metodologia Sanvit Aula

A escuta ativa, a ética no vínculo, a autonomia com corresponsabilidade e a sensibilidade pedagógica são valores que atravessam qualquer prática musical — seja ela vocal ou instrumental, individual ou colaborativa.

 

Este caderno é, portanto, uma sugestão de guia vivo para todos os professores da Sanvit.


A metodologia Sanvit oferece diretrizes e práticas, mas não impõe um roteiro fixo. O professor é um facilitador de processos — não apenas um transmissor de conteúdo. 


Que ele seja fonte de inspiração, reflexão e expansão de possibilidades para a sua pratica autônoma.

1. A Escola que Escuta

Este caderno nasce do cuidado com aquilo que não cabe nas partituras, mas ressoa todos os dias nas aulas: o gesto, o silêncio, a escuta, o corpo do outro.

Na Sanvit, ensinar música não é apenas transmitir uma técnica — é criar espaço para que o aluno se escute e se reconheça através da musica.

 Como coordenação pedagógica, minha função é acompanhar esse processo em profundidade: conhecer a sua metodologia e acompanhar as suas duvidas, acompanhar casos específicos e orientar o professor em sua prática viva, para que a experiência musical não se esgote em acertos e erros, mas se amplie em potência.

 Nossa proposta se sustenta em uma filosofia do cuidado, da alteridade e da formação contínua. Aqui, o professor não é um repetidor de métodos. Ele é também criador, facilitador e parte ativa da construção de uma escola mais sensível e ética e por esta razão que o professor é um prestador de serviço autônomo, isso significa que você tem a sua metodologia mas que a escola é a sua parceira e pode te auxiliar.

 Este caderno é uma ferramenta para apoiar esse percurso. Ele reúne fundamentos, estudos de caso, estratégias pedagógicas e reflexões para que cada professor se sinta mais seguro em sua atuação e, ao mesmo tempo, mais aberto ao novo.

Você não está sozinho em sala. A escola caminha com você.

2. Fundamentos da Metodologia Sanvit

  • 2.1 Música, Desenvolvimento Humano e Cognição

 

Na Sanvit, entendemos a música como um meio privilegiado para o desenvolvimento humano — não apenas como linguagem artística, mas como experiência formadora de corpo que fala, escuta, presença e subjetividade.

 

O ensino musical aqui não parte da repetição de fórmulas ou da reprodução técnica. Nosso foco está na construção de sentidos, na expansão da consciência corporal e na articulação entre escuta e expressão.

 

Aprender música é também aprender sobre si. Cada nota tocada ou cantada traz consigo uma configuração emocional, uma vibração física e uma forma de estar no mundo. Nossa missão pedagógica é possibilitar que o aluno reconheça isso e que o professor esteja preparado para acolher esse processo.


  • 2.2 A Filosofia da Escuta Ativa e da Alteridade

 

O eixo da nossa metodologia é a escuta ativa: escutar o som, escutar o corpo, escutar o outro — e também escutar o que não soa.

 

Isso exige que o professor esteja presente com atenção e com abertura, não apenas para corrigir, mas para perceber: onde o som está vibrando? O que o corpo do aluno está tentando dizer?

 

Essa escuta exige técnica, sensibilidade e ética. A alteridade é o reconhecimento da singularidade do outro — cada aluno chega com uma história, uma anatomia vocal, uma relação única com o som. O ensino, por isso, precisa ser ajustado com cuidado.

 

  • 2.3 O Professor como Facilitador e Não Reprodutor

 

A metodologia Sanvit oferece diretrizes e práticas, mas não impõe um roteiro fixo. O professor é um facilitador de processos — não apenas um transmissor de conteúdo.

 

Ele precisa observar, experimentar, ajustar e construir junto com o aluno. Ser facilitador exige escuta aberta, disposição para rever certezas. Ensinar é transformar — e isso vale também para quem ensina.


  • 2.4 O Papel do Professor na metodologia Sanvit como prestador de serviço: Autonomia com Corresponsabilidade

 

O professor Sanvit tem autonomia, mas essa autonomia está inserida em uma rede de escuta e cuidado. Não se trata de controle, mas de confiança compartilhada.

 A liberdade pedagógica vem acompanhada de:

• Diretrizes claras;

• Acompanhamento técnico;

• Espaço para contribuição e criação.

 

Autonomia com base — esse é o caminho.


3. Estrutura da Aula Sanvit

  • 3.1 Etapas da Aula Individual

 

A aula individual é construída para integrar corpo, escuta e expressão. As etapas principais são:

• Chegada e conexão: escuta inicial e percepção do estado do aluno;

• Preparação corporal e vocal: respiração, propriocepção e escuta ativa;

• Vivência musical: prática com instrumento ou voz;

• Reflexão final: escuta do processo, planejamento do estudo e acolhimento.

 

Essas etapas formam um caminho flexível, adaptável ao perfil de cada aluno, com atenção ao seu estado emocional e musical.

 

  • 3.2 Fones de Ouvido e Audiation: O “Dono de Ouvido”

 

O uso de fones é uma técnica de escuta interna, baseada no conceito de audiation (Edwin Gordon). Chamamos esse momento de “dono de ouvido”.

 

Essa prática favorece:

• Propriocepção auditiva;

• Percepção refinada da afinação e articulação;

• Escuta mais ética e menos distraída.

 

Com os fones, o aluno aprende a ouvir a si mesmo — e isso transforma sua relação com a música e com o corpo sonoro.

 

  • 3.3 Estratégias Visuais e Sensoriais

 

Além dos sons, a Sanvit utiliza gestos, objetos e imagens como apoio pedagógico.

 

Esses recursos:

• Tornam o som visível e concreto;

• Criam pontes cognitivas e afetivas;

• Ampliam a compreensão e a memória musical.

 

Cada elemento visual é um convite ao entendimento sensível da música.

4. Escuta Ativa e Propriocepção

  • 4.1 O que é Propriocepção Vocal e Corporal

 

A propriocepção é a capacidade do corpo de perceber a si mesmo em movimento, em repouso, em vibração — mesmo sem olhar. No contexto da música e da voz, ela é fundamental para desenvolver a consciência das ressonâncias, da articulação e da emissão sonora.

 

Na Sanvit, tratamos a propriocepção vocal como um saber do corpo sobre a própria voz:

• Onde o som vibra?

• Como está sendo produzido?

• Que partes do corpo estão em ação?

• O que pode ser modificado com intenção?

 

Essa percepção fina e sensível permite que o aluno se torne consciente da própria emissão sonora, rompendo com automatismos vocais e criando um espaço de experimentação viva.

 

  • 4.2 Como Estimular a Percepção de Vibração

 

O professor pode estimular a propriocepção de maneira delicada e concreta. Algumas estratégias são:

• Pedir ao aluno que toque o peito, o rosto ou a cabeça enquanto canta;

• Propor exercícios com sílabas e vogais que projetem o som para diferentes partes do corpo;

• Utilizar espelhos ou tela do celular para que o aluno observe microexpressões e articulação;

• Trabalhar com pausas entre emissões, para permitir que o corpo reconheça o que está acontecendo;

• Usar fones de ouvido para aprofundar a escuta interna.

 

Essas práticas ajudam o aluno a perceber o som não apenas com os ouvidos, mas com o corpo inteiro.

 

  • 4.3 Técnicas Sensíveis e Escuta Somática

 

Chamamos de escuta somática a capacidade de escutar o som como corpo — não como abstração. Isso envolve perceber a vibração interna, os ajustes musculares, a presença do ar e o impacto da emissão vocal em todo o sistema corporal.

 

Na prática pedagógica da Sanvit, isso se traduz em:

• Exercícios de respiração consciente;

• Vocalizes com pausas e tempo controlado;

• Atenção ao uso do véu palatino;

• Criação de um ambiente seguro para experimentar a voz.

 

Essas técnicas não são “alternativas” — são profundamente embasadas na fisiologia vocal, na psicanálise do corpo falante e na filosofia da escuta. Elas permitem que o professor ensine não apenas com conteúdo, mas com presença.


5. O que esperamos

Práticas de Acolhimento e Relação

 

5.1 Como Lidar com Resistências e Inseguranças

 

Toda aprendizagem profunda envolve alguma forma de resistência. Às vezes, o aluno teme errar, se expor, mudar. Em outros momentos, é o corpo que resiste, mantendo padrões antigos como forma de defesa.

 

Na Sanvit, reconhecemos essas resistências como legítimas. O papel do professor não é forçar, mas criar condições seguras para que o aluno possa se arriscar e transformar.

 

Práticas sugeridas:

• Nomear a dificuldade com naturalidade;

• Focar no processo, não no resultado;

• Incentivar a percepção sensorial da própria voz ou som.

 

Resistência nem sempre é oposição — muitas vezes, é proteção.

 

5.2 Comunicação com Alunos e Famílias

 

Nossa comunicação precisa ser:

• Clara: objetiva, sem termos técnicos excessivos;

• Respeitosa: sem julgamentos;

• Afetiva sem infantilização: acolhedora, mas com firmeza.

 

Com adultos, acolher a vulnerabilidade. Com crianças, traduzir a pedagogia em histórias e imagens. Com as famílias, manter vínculo ético e escuta ativa.

 

5.3 Ética no Acompanhamento dos Processos

 

Toda prática pedagógica sensível precisa estar sustentada por ética. Isso inclui:

• Sigilo sobre situações emocionais;

• Respeito ao tempo de cada aluno;

• Devolutivas autênticas e não violentas;

• Registros internos usados com finalidade pedagógica.

 

A ética é o solo fértil da escuta. Sem ética, não há confiança. Sem confiança, não há transformação.


6. O regimento faz parte da metodologia, qual é o seu regimento?

6.1 Relatórios e Registros Internos

 

A escrita reflexiva é parte do cuidado. Não se trata de um relatório burocrático, mas de um registro que sustenta a prática pedagógica com profundidade.

 

Itens possíveis para registrar:

• Observações de processo;

• Estratégias tentadas;

• Resultados parciais;

• Solicitações à coordenação.

 

6.2 Participação na Construção da Metodologia

 

A metodologia Sanvit está em constante construção — porque é viva.

 

O professor é convidado a:

• Compartilhar casos e observações;

• Sugerir ajustes;

• Co-criar práticas que sustentem o cuidado e a criatividade.

 

A escola não é uma estrutura pronta — é um organismo que se transforma junto com quem nela ensina e aprende.



7. Casos Especiais e Acompanhamento

O estudo de caso é algo sigiloso e que precisa ser feito em dupla e/ou em grupo, por isso é necessário agendar um horário para conhecer o estudo de caso.


Estudo em dupla:


Estudo de Caso disponível : Hipernasalidade Persistente e Recalibração Vocal

  • Constatação: Trata-se de um padrão rígido, profundamente automatizado.
  • O que o professor está aplicando: Análise Técnica do Exercício Utilizado.
  • Depois da analise: Estratégia de Intervenção Pedagógica e Técnicas da metodologia Sanvit.
  • Orientação: Explicação para o Aluno e Propriocepção.

Estudo em grupo:


O acompanhamento é feito em três dimensões:

  • Clínica da escuta (análise conjunta);
  • Ajuste técnico compartilhado;
  • Registro e devolutiva ética.

 Esse processo é técnico, coletivo e formativo — não é punitivo, mas cuidadoso.

8. Anexos

8.1 Glossário Sanvit: Termos-Chave da Metodologia:


• Propriocepção vocal: percepção do som vibrando no corpo;

• Escuta ativa: atenção ética ao som e ao outro;

• Escuta somática: escutar o som como corpo;

• Audiation: escutar mentalmente a música, mesmo sem som;

• Véu palatino (palato mole): estrutura que regula o direcionamento da ressonância vocal;

• Hipernasalidade: emissão ressonante no nariz, sem controle do véu palatino.

 

8.2 Referências Teóricas

 

A metodologia Sanvit é construída com base em:

• Filosofia da diferença: Deleuze, Guattari, Espinosa;

• Psicanálise: Freud, Klein;

• Educação crítica e ética: bell hooks, Paulo Freire;

• Neurociência musical: Edwin Gordon, Gardner;

• Fonoaudiologia vocal: Mara Behlau, Brasolotto;

• Pedagogias sensíveis: Reggio Emilia, Dalcroze, Orff, Kodály.


9.Modelos de Ficha de Acompanhamento

9.1 Modelos de Ficha de Acompanhamento

 

Ficha Técnica de Acompanhamento de Aluno

• Nome do aluno: ______

• Instrumento/prática: ______

• Histórico vocal/musical: ______

• Dificuldades observadas: ______

• Estratégias aplicadas: ______

• Observações: ______

• Encaminhamentos: ______

• Plano pedagógico em curso: ______

 

Ficha de Devolutiva Técnica com Coordenação

• Nome do professor: ______

• Nome do aluno (iniciais): ______

• Descrição da situação: ______

• Análise técnica: ______

• Dúvidas e sugestões: ______

• Retorno da coordenação: ______

• Ações acordadas: ______

• Data para nova avaliação: ______



Documentos de registro de aulas

Este caderno nasce do cuidado com aquilo que não cabe nas partituras, mas ressoa todos os dias nas aulas: o gesto, o silêncio, a escuta, o corpo do outro.

Na Sanvit, ensinar música não é apenas transmitir uma técnica — é criar espaço para que o aluno se escute e se reconheça.


Saiba mais sobre isso

O Papel do Professor Sanvit

Autonomia com Corresponsabilidade. O professor Sanvit tem autonomia, mas essa autonomia está inserida em uma rede de escuta e cuidado. Não se trata de controle, mas de confiança compartilhada.

  •  A liberdade pedagógica vem acompanhada de:

• Diretrizes claras;

• Acompanhamento técnico;

• Espaço para contribuição e criação;

 Autonomia com base — esse é o caminho.


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